quarta-feira, 2 de setembro de 2009

As Fadas e os Corcundas
         
                (antigo conto irlandês)

Todo o irlandês, desde Bunddy até Enniscorthy, sabe alguma coisa sobre a fortaleza encantada que existe entre Tombrick e Mungin.

A aparência é de um campo todo plano. Cercado por uma espécie de terraço.

Um pobre corcundinha, chamado Patrício Blake, que tinha sido posto fora da casa onda habitava, deixou-se ali ficar a dormir, numa noite de luar, e foi subitamente despertado pelos açores de música muito doce.

Viu um raio de luz que saia de uma porta do terraço, e entrou e arrastou-se até chegar a um esplêndido palácio subterrâneo. No teto penduravam-se milhares de luzes e no salão bailavam centenas de formosíssimas fadas vestidas com túnicas e saias verdes e gorros encarnados.

Enquanto  dançavam  iam  cantando  e  repetindo: - “Segundas, terças; segundas, terças; segundas, terças.”

          - Que linda canção! – disse Patrício, inclinando-se profundamente – mas é curta. Vamos ver; suponhamos que seja assim: segundas, terças; segundas, terças; segundas, terças e quartas-feiras! Quartas, quintas; quartas, quintas; quartas, quintas e sextas-feiras!

As fadas aprenderam imediatamente e fizeram soar por todo o palácio a nova canção. Aquela que as dirigia, disse a Patrício:

           - Isto assim é muito mais bonito; se pudermos fazer alguma coisa a seu favor diga, que no mesmo instante se fará.

          - Se quiserem fazer-me a graça de me tirarem a corcunda, eu seria o homem mais feliz da Irlanda – disse Patrício.

Então, as fadas não só lhe tiraram a corcunda como também lhe trouxeram um saco cheio de ouro. Patrício meteu metade nas algibeiras, deixando o resto.

De manhã, foi correndo pagar o aluguel da casa, e tornou a ficar com nela.

O dono era, também corcunda, mas muito avarento; chamava-se Miguelzinho Desmond.

          - Tens um belo aspecto, Patrício – disse ele – Conta-me lá, onde arranjaste esse dinheiro?

Patrício contou-lhe tudo o que se tinha passado no palácio das fadas e, na noite seguinte, Miguelzinho foi lá, tentar obter alguma coisa delas. Assim que se abriu a porta principal, entrou e gritou às bailarinas:

          - Que canção é essa? Por que não mencionam os dias todos da semana, assim desta maneira: “ Segundas-feiras, terças e quartas, quintas, sextas, sábados e do-do-domingos!”

Como se vê Miguelzinho não tinha queda nenhuma para o ritmo, mas isso não era o pior.

As fadas, como todos sabem, são pagãs, e nada as podia desesperar mais do que ouvirem falar dos Domingos, porque era o dia santo dos cristãos.

Assim o desespero das fadas contra Miguelzinho chegou ao auge e aquela que as dirigia, voltando-se para ele, perguntou:

            - Que te trouxe aqui?

          - Venho buscar o que Patrício aqui deixou – disse Miguelzinho pensando no meio saco de ouro.

          - Estás bem; ficarás com o que Patrício deixou aqui – respondeu a fada; e tirando de um saco a corcunda de Patrício, pô-la nas costas de Miguelzinho. E desde aquele dia, o velho avarento ficou com duas corcundas...




(antigo conto irlandês)

Um comentário:

  1. e não é q a inveja é isso mesmo. xonada pelo seu blog. bjs Lidia.

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